Hoje apeteceu-me escrever sobre um tema que sempre me despertou interesse: os Valores. Valores são crenças que orientam comportamentos, decisões e atitudes de um indivíduo, grupo ou organização. Eles representam aquilo que se considera importante, que traz sentido e satisfação à vida, funcionando como uma espécie de “bússola interna”. De acordo com esta definição, parece-me bastante desejável que todos nós soubéssemos, a todo o momento, quais são os nossos valores.
Mas, se eu te perguntar agora: “Quais são os teus valores?”, saberias responder sem hesitações? Eu não. Por isso, resolvi pesquisar sobre o assunto e partilhar contigo.
Porque é importante sabermos quais os nossos valores?
Quando não sabemos quais são os nossos valores, somos mais facilmente guiados pelos de outras pessoas, que podem não ser necessariamente os mesmos que os nossos. E ao sermos guiados pelos valores de outras pessoas, contrários aos nossos, não estamos a ser autênticos, não estamos a ser felizes, estamos a reprimir desejos, sonhos, sentimentos. Para além de estarmos a colocar em outra pessoa (ou pessoas) a responsabilidade das nossas decisões. Em alguns momentos, pode até ser confortável ter alguém a escolher o que comemos, vestimos, o que fazemos e com quem fazemos. Em outros, bastante desconfortável. Até porque estamos, a todo o momento, a fazer escolhas. A acordar mais tarde em vez de tomar o pequeno-almoço com calma. A ir de carro em vez de ir a pé. A vestir uma roupa em vez de outra. A trabalhar até mais tarde em vez de ir buscar os filhos. A faltar ao ginásio em vez de cuidar de mim. A aceitar um projeto profissional em vez de criar o meu próprio projeto. A encomendar comida em vez de a preparar. São tudo decisões. Algumas difíceis e demoradas, outras nem damos por elas, tornam-se automáticas.
Se soubermos quais são os nossos valores e tomarmos decisões com base neles, o que pode acontecer? Podemos sentir menos ressentimento pelas coisas que não vivemos e que vivemos (porque sabemos o porquê das nossas escolhas), vamos compreender melhor quem somos, como iremos reagir perante determinadas situações e assumir a responsabilidade pelo que nos acontece. Só assim conseguimos ser melhores pessoas, melhores profissionais, melhores companheiros ou companheiras, melhores pais. Porque deixamos de depender de uma bússola externa e evitamos sentir-nos desalinhados, desiludidos, desapontados ou frustrados. Pelo menos, não tantas vezes.
Como identificamos os nossos valores?
Susan David, psicóloga e autora do livro “Agilidade Emocional” sugere 5 perguntas para nos ajudar a identificá-los:
- No fundo, o que importa para mim?
- Que relações quero construir?
- O que quero que seja a minha vida?
- Em que tipo de situações ou atividades me sinto mais energizado?
- Se toda a ansiedade e stresse desaparecessem de repente, como seria a minha vida e que coisas novas desejaria para mim?
Então, o meu convite para ti, esta semana, é este: responde a estas cinco perguntas com total honestidade. Investe algum do teu tempo a pensar nisto, e a perceber se as tuas ações têm sido guiadas pelos teus valores ou pelos valores de outros. Percebe se há coisas que podes fazer diferente.
Provavelmente, vão surgir algumas respostas imediatas como “a família” ou “o trabalho/ a carreira”. Mas o convite é para aprofundares essas respostas. Perceberes um pouco melhor o que isso significa para ti. Se te importas com a tua família, isso poderá querer dizer que valorizas sentimentos como a conexão e aceitação. Se a carreira é importante para ti, isso poderá querer dizer que valorizas a segurança, ou o reconhecimento, o crescimento pessoal ou o trabalho de equipa.
Depois deste exercício, é possível que descubras que não estás a ser “fiel aos teus valores”. Se desejas construir relações baseadas em conexão e aceitação, podes descobrir que não estás a dedicar o tempo suficiente a essas relações. Se queres ser boa mãe ou bom pai, tenta perceber o que é que isso significa para ti. É mais importante o que os teus filhos pensam de ti ou como gostarias que os teus filhos fossem vistos por outras pessoas? Estás a ser um exemplo naquilo que desejarias que eles fossem?
Se procuras reconhecimento e crescimento profissional, estás a colocar-te em situações em que isso possa, de facto, acontecer? Ou estás à espera que alguém o faça por ti? Se o trabalho de equipa é importante para ti, como estás a construir as relações com os teus colegas? Estás a cultivar confiança e respeito? Estás a reconhecer o seu trabalho? Estás a valorizá-los?
Se te sentes mais enérgico quando estás de férias, o que fazes nesses momentos para te sentires assim? Para que atividades arranjas tempo nessas alturas?
Se valorizas o “amor”, tens alimentado a tua relação? Tens estado presente e disponível para amar? Tens construído uma relação baseada nos sentimentos e atitudes que valorizas? Sentes-te amado, respeitado e conectado pela pessoa que tens ao teu lado?
Estas questões ajudam-nos a perceber, muitas vezes, o porquê do nosso mal-estar. Porque nos sentimos desconfortáveis, desanimados, cansados, constantemente “atropelados”. Muitas vezes estamos em piloto automático e não sabemos.
Se valorizas a conexão com a tua família, dedica cinco minutos antes de jantar para conversar com eles, para os abraçar quando chegares a casa, para estar presente na hora de ir dormir. Conecta-te com eles, constrói a relação de conexão que desejas. Se valorizas tempo para ti, bloqueia-o na agenda, começa por pequenas atividades que te trazem energia e vai fazer isso. Sem culpas, sem ressentimentos. A autenticidade é contagiante e pode motivar as pessoas à tua volta a fazer o mesmo. Imagina um mundo onde todos seguissem os seus valores, onde todos se sentiriam felizes e alinhados com as suas vontades – é possível. Só precisamos de assumir a responsabilidade pelas nossas ações e escolhas.
Aceitas este convite?

Eu estou disposta a viver de acordo com os meus valores.
Desejo-te ótimas reflexões.
Até já,
Olga