3.

Há dias em que parece estar tudo a correr mal.

A pasta de dentes que mancha a camisola acabada de vestir (e de lavar). O drama porque fizemos pão com queijo para o pequeno-almoço e a criança queria cereais. O GPS que prevê um atraso de cinquenta minutos. Está a chover, e os nossos pés trazem uns ténis brancos imaculados. 

O computador que ficou em casa. A água que faltou quando acabámos de colocar o champô no cabelo. A luz do carro que se acende.

Isto podia ser um dia de terror. Podia. Mas e se olhássemos de outra perspetiva?

Os nossos dentes ficaram lavados. E há mais camisolas no roupeiro. Talvez até demais. E colocar alguma de parte para doar a uma instituição?

Temos comida para dar aos nossos filhos. E eles têm opção de escolha. Porque não embrulhar o pão e colocá-lo na mala para o lanche?

Não tivemos um acidente que está a causar o caos no trânsito. Não estamos no hospital a lutar pela nossa vida. Ou não temos a nossa vida arruinada porque vimos alguém ter um acidente à nossa frente. Por nossa causa. Mesmo sem intenção.

Temos uns ténis brancos imaculados num dia de chuva. Mas quão desconfortável seria se precisássemos de andar descalços?

O computador ficou em casa, mas temos a oportunidade de falar mais com os nossos colegas. Ou voltar para casa enquanto fazemos uns telefonemas pelo caminho.

Faltou a água. Por algumas horas. Não estamos a falar de dias ou semanas. Só precisamos de esperar que alguém arranje o problema por nós. Não precisamos de andar quilómetros para a ir buscar.

Um pequeno ajuste de ângulo nas nossas lentes pode reduzir a ansiedade e estimular a gratidão.

A gratidão é um estado emocional positivo no qual se reconhece e aprecia o que se tem na vida. Vários estudos mostram que dedicar algum tempo para sentir gratidão, pode contribuir para uma vida mais feliz e até mais saudável.

Não é um exercício de depreciação dos nossos problemas diários e do impacto que eles trazem à nossa vida. É uma escolha, consciente, das lentes com que queremos ver a vida. Copo meio cheio ou meio vazio?

Parece difícil, mas, como diz o ditado, o hábito faz o monge.

Por isso, o desafio de hoje, e para os próximos vinte e um dias (até ao fim deste calendário do advento), é dedicares cinco minutos da tua noite a escreveres três ou mais coisas pelas quais estás grato. Mais uma vez, é importante escrever, num caderno, numa nota do telemóvel, num bloco. Dedica-te a pensar nessas coisas, a imaginá-las, a detalhá-las. Podes escrever apenas uma palavra ou uma frase curta. São apenas cinco minutos. Até ao dia de Natal.

Eu começo:

  • Estou grata por teres conseguido ler até aqui.
  • Estou grata por hoje conseguir respirar fundo.
  • Estou grata por poder escrever de forma livre.

Aceitas este convite?

Desejo-te bons momentos de gratidão.

Até já,

Olga

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