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Saborear o momento. Quantas vezes nos permitimos fazê-lo?

Saborear é o ato de nos retirarmos de uma experiência, revê-la e apreciá-la.

Quando se trata de uma primeira experiência, naquele primeiro momento, as nossas expectativas atrapalham este saboreado. Desativam os nossos sensores e não nos permitem viver aquele momento com verdadeira intensidade. Porque não sabemos o que nos espera, e tudo o que é novo estranha-se. Quando nos apercebemos que é bom, num segundo momento, deixamo-nos permanecer a aproveitar o que estamos a viver. Saboreamos, intensificamos e prolongamos aquelas emoções positivas. Baixamos a guarda e os sensores reactivam-se.

Numa terceira, quarta ou décima experiência, já não damos atenção, não nos conectamos nem saboreamos. São poucos os momentos em que desfrutamos do nosso pequeno-almoço, simplesmente porque o fazemos todos os dias. Não usufruímos do cheiro do café, do sabor da torrada, engolimos à pressa porque não há tempo. Começamos o dia a correr atrás de alguma coisa que ninguém vê. Até que algo nos convida a parar. Nesse momento, tudo muda de perspetiva.

Damos muitas coisas por garantidas. Coisas, momentos, pessoas. E, quando somos privados delas, voltamos a querer saboreá-las. Foi o que aconteceu há quase 5 anos, durante a pandemia de COVID-19, em que ninguém podia sair de casa. Algo que todos fazíamos, a toda a hora, de repente, era altamente desaconselhado. Nesse momento, as janelas, a varanda e o jardim ganharam uma importância consideravelmente maior. Todos queriam saborear o exterior. É assim que o ser humano funciona: só dá valor quando algo lhe é tirado.

Hoje o desafio é contrariarmos este viés: escolhe uma experiência para saborear. Pode ser uma refeição deliciosa, uma caminhada ao ar livre ou, simplesmente um banho. Nunca mais me vou esquecer do primeiro banho que tomei em casa, depois do mesmo me ter sido privado numa longa estadia num hospital. Foi uma das experiências mais felizes e emocionantes da minha vida: voltar a tomar banho, sozinha, após ter estado “entre a vida e a morte”.

Nunca saberemos quando será a última vez que teremos esta oportunidade de usufruir desta experiência de viver. Por isso, saboreemos mais!

Depois dessa experiência saboreada, partilha com alguém o que sentiste, reflete em como tens sorte por viver esse momento ou guarda uma lembrança do mesmo. Faz isso durante uma semana, de forma consciente e verás as coisas simples de outra forma.

Aceitas este convite?

Desejo-te ótimas experiências.

Até já,

Olga

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