E começou o fim-de-semana. Muitos estarão a desenvolver projetos para a escola dos miúdos, como eu. Compreendo o objetivo das educadoras mas, muitas vezes, são os pais, na sua já preenchida agenda, a fazerem artes manuais para as quais muitos nunca tiveram jeito. É um desafio digno de “melhor pai/mãe do mundo” e que deixam os miúdos orgulhosos. Parece quase uma inversão de papéis: os pais fazem o os miúdos ficam orgulhosos. No meu tempo, os miúdos faziam e os pais ficavam orgulhosos.
Acho que estamos a compensar nos nossos filhos tudo aquilo que os nossos pais não conseguiam fazer no passado. Mas há tanto que levamos às costas. Esta normalização da perfeição, de termos de ter sempre tempo para eles, disponibilidade para brincar, para construir torres e fortes, para os alimentarmos de forma saudável, para lermos a história, para adormecerem cedo, para passarem tempo ao ar livre, para conseguirmos que sejam autónomos, mas que nunca lhes falte amparo. Para não gritar, para não transmitir ansiedade ou medo, para sermos autênticos robôs. Há tanta informação sobre sermos perfeitos que nos esquecemos que somos humanos. Ninguém consegue trabalhar dez horas por dia, fazer exercício físico, alimentar-se bem, ser uma mãe/pai presente, deitar-se cedo, ter a casa limpa e arrumada, meditar todas as manhãs, ter férias marcadas, encontros com os amigos, roupa lavada e passada, sem ter um esgotamento. Falo por experiência própria.
E quem conseguir, não se vanglorie. Vamos ter mais empatia e uma boa dose de realidade.
Mas não é neste tom que eu quero que enfrentes o teu dia, o teu fim-de-semana. Hoje é para romper com as regras, é para ser criança, infantil, para pisar o risco que delimita a perfeição. Como? Faz algo que farias quando eras criança. Algo que o teu eu adulto condenaria. Não te vou dar sugestões porque eu tenho a certeza de que muitas coisas te estarão a ocorrer. Se não ocorrerem, faz apenas algo que tu, enquanto criança, fazias e adoravas. Jogar à bola? Cantar aos gritos? Dançar ao espelho? Comer cerelac?
Faz. Sê criança por umas horas. Regressa a ti quando eras bem mais inocente, celebrando assim tudo o que conseguiste alcançar até ao dia de hoje.

Aceitas este convite?
Desejo-te um regresso à infância bem divertido.
Até já,
Olga