Há dias em que parece estar tudo a correr mal.
A pasta de dentes que mancha a camisola acabada de vestir (e de lavar). O drama porque fizemos pão com queijo para o pequeno-almoço e a criança queria cereais. O GPS que prevê um atraso de cinquenta minutos. Está a chover, e os nossos pés trazem uns ténis brancos imaculados.
O computador que ficou em casa. A água que faltou quando acabámos de colocar o champô no cabelo. A luz do carro que se acende.
Isto podia ser um dia de terror. Podia. Mas e se olhássemos de outra perspetiva?
Os nossos dentes ficaram lavados. E há mais camisolas no roupeiro. Talvez até demais. E colocar alguma de parte para doar a uma instituição?
Temos comida para dar aos nossos filhos. E eles têm opção de escolha. Porque não embrulhar o pão e colocá-lo na mala para o lanche?
Não tivemos um acidente que está a causar o caos no trânsito. Não estamos no hospital a lutar pela nossa vida. Ou não temos a nossa vida arruinada porque vimos alguém ter um acidente à nossa frente. Por nossa causa. Mesmo sem intenção.
Temos uns ténis brancos imaculados num dia de chuva. Mas quão desconfortável seria se precisássemos de andar descalços?
O computador ficou em casa, mas temos a oportunidade de falar mais com os nossos colegas. Ou voltar para casa enquanto fazemos uns telefonemas pelo caminho.
Faltou a água. Por algumas horas. Não estamos a falar de dias ou semanas. Só precisamos de esperar que alguém arranje o problema por nós. Não precisamos de andar quilómetros para a ir buscar.
Um pequeno ajuste de ângulo nas nossas lentes pode reduzir a ansiedade e estimular a gratidão.
A gratidão é um estado emocional positivo no qual se reconhece e aprecia o que se tem na vida. Vários estudos mostram que dedicar algum tempo para sentir gratidão, pode contribuir para uma vida mais feliz e até mais saudável.
Não é um exercício de depreciação dos nossos problemas diários e do impacto que eles trazem à nossa vida. É uma escolha, consciente, das lentes com que queremos ver a vida. Copo meio cheio ou meio vazio?
Parece difícil, mas, como diz o ditado, o hábito faz o monge.
Por isso, o desafio de hoje, e para os próximos vinte e um dias (até ao fim deste calendário do advento), é dedicares cinco minutos da tua noite a escreveres três ou mais coisas pelas quais estás grato. Mais uma vez, é importante escrever, num caderno, numa nota do telemóvel, num bloco. Dedica-te a pensar nessas coisas, a imaginá-las, a detalhá-las. Podes escrever apenas uma palavra ou uma frase curta. São apenas cinco minutos. Até ao dia de Natal.

Eu começo:
- Estou grata por teres conseguido ler até aqui.
- Estou grata por hoje conseguir respirar fundo.
- Estou grata por poder escrever de forma livre.
Aceitas este convite?
Desejo-te bons momentos de gratidão.
Até já,
Olga