21

Ser mãe de crianças pequenas tem as suas dificuldades. É como não conseguir estar sozinha em casa, mesmo em lugares em que não esperávamos estar acompanhadas. E apesar de toda a gratificação que possa haver, nisto de nunca nos sentirmos sós, a verdade é que estar sozinha, nessas condições, ganha uma importância desmedida. Nem que seja por uns minutos. Poder desativar os sensores e simplesmente estar ali.

Às vezes dou por mim a arranjar desculpas para sair de casa quando a hiperestimulação se instala. Mas nem sempre foi assim. Contrariava esses sentimentos porque os achava desadequados. Como assim, não querer estar sempre com os meus filhos? A sociedade não diz que “o melhor do mundo são as crianças”?

Aprendi várias coisas desde que fui mãe. Sobretudo sobre mim. Qualquer mãe não desiste: é a resiliência personificada. Há uma capacidade infinita de suportar as maiores dores e as maiores birras, de se multiplicar em vários papéis, muitas vezes em simultâneo, muitas vezes em silêncio. Tudo suporta, tudo ultrapassa, tudo tolera. Tantas vezes que se vai esquecendo de como era antes – do ser individual que era. As suas necessidades são guardadas dentro de uma caixa na arrecadação. Até que um dia, dentro da caixa, começam os gritos. No início, nem sabemos muito bem de onde vêm. A caixa está escondida há tanto tempo que demoramos algum tempo a perceber a sua origem.

E nem precisamos de ser pais para isso. É comum distrairmo-nos com a vida e esquecermo-nos das nossas próprias necessidades. Não paramos para nos ouvir porque as vozes da rua são sempre mais altas do que as nossas.

Por isso, o desafio de hoje é: dedica 30 minutos para estar apenas contigo. Sozinha ou sozinho. Permite-te ouvir o que desejas naquele momento. Caminhar? Sentar-te no sofá e olhar para o infinito? Ir às compras? Fazer exercício? Escrever? Cozinhar? O que gostas de fazer sozinha(o)? Permite-te esse tempo. Organiza-te e está contigo própria(o).

Faltam 3 dias para a Consoada e os convívios serão muitos. É essencial recarregar baterias para poderes desfrutar desta época de forma mais genuína. E, se, entretanto, sentires vontade de “fugir” das perguntas inconvenientes ou dos momentos familiares intensos, planeia essa “fuga” de forma antecipada. Só te fará bem.

Aceitas este convite?

Desejo-te um ótimo tempo para ti.

Até já,

Olga

Leave a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Scroll to Top